sexta-feira, 21 de maio de 2010

Regra Básica: Ouvir.

De todas as manifestações artísticas que o homem manipula, a música é considerada como a Rainha. Tal título é merecido não somente por sua beleza sonora na organização das alturas harmônicas, melódicas e rítmicas, mas principalmente pelo caráter abstrato de refletir a condição humana. É como se a música fosse criada para uma função, ou missão: Transformar a realidade física de um momento em abstração, imaginação, ou ainda, expressão de sentimento e razão.
A prova disso está no fato de rechearmos os grandes eventos de nossa vida com ela: casamento, namoro, formatura, nascimento e até mesmo na morte. Como se não bastasse nosso time de futebol tem seu hino; o refrigerante ‘famoso’ sua canção; o programa de TV sua vinheta; até o mercado possui sua música ambiente. Na verdade é quase impossível passar algumas horas do dia sem sermos envolvidos por pelo menos parte de uma canção.
Este ‘excesso’ de sons melódicos em todo o lugar e a toda hora, implicou num desenvolvimento das ‘funções musicais’. Nestes dias a música vende, diverte, consola, brinca, ensina, une, cura, prepara, expressa, relembra, entristece, agride, agrada... e etc. Hoje ela é mais técnica, mas estudada, mais pesquisada e mais improvisada. Contudo, como todo o extremo não escapa de suas conseqüências, nossa Rainha também tem suas derrotas. Seu excesso é também seu vilão.
Banalizamos a música, por consequente, poucos fazem com ela uma escuta reflexiva. Alguns ainda conseguem o silêncio para ouvi-la, outros se esforçam para não perder pelo menos o côro (estribilho) de sua canção predileta. Na verdade estamos nos acostumando com a ouvir música da mesma forma como nos acostumamos a ouvir o som dos motores na hora da ‘rush’.
Bem, tenho uma pergunta pra você: De que forma você tem escutado e se envolvido com a música da Igreja? Permita-me lhe dar algumas sugestões de resposta. a) como música ambiente de mercado, onde na verdade você não está lá para ouvir música; b)como uma vinheta para seu programa de culto; c) Só lhe aflora a devoção se for o hino do ‘seu time’, do seu gosto; d) Só há envolvimento se a música marcou algum evento da vida; e) Nenhuma das alternativas.
O objetivo desta reflexão não é que você observe criticamente a música que a Igreja está fazendo – pelo menos, não neste momento – mas sim, reflita na forma como você a está ouvindo. Uma regra básica para se envolver com a música é ouvir.
O Espírito de Profecia afirma: “[a música] É um dos meios mais eficazes para impressionar o coração com as verdades espirituais. ... [Através dela] as tentações perdem o seu poder, a vida assume novo sentido e propósito, e o animo e alegria se comunicam a outras pessoas!” – Educação, pág. 167.
Não será possível estarmos sob a influência da música se não soubermos escutá-la, por isso é comum certas canções nos desagradarem. Ainda mais se esperamos que ela nos relembre ou marque eventos, ou, que seja aquela que queremos. Com certeza a música nos incomodará se esperamos dela somente um ambiente musical ou uma vinheta. Ela também jamais agradará a todos o tempo inteiro.
A pergunta que devemos fazer então é: Como ouvi-la de forma que ela me impressione, me convença de verdades espirituais? Deus nos mostra o que Ele faz quando quer ouvir algo em especial. Em 1 Pedro 3:12 está relatado: “Pois os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os Seus ouvidos atentos a sua súplica, mas o rosto do Senhor é contra os que fazem o mal”. Não há outra maneira, somente ouvindo com atenção poderemos obter os benefícios da música.
Quando nos concentramos na música de tal forma que a sua poesia e melodia começam a ter sentido e lógica, quando os ruídos paralelos estão cada vez mais suaves, por fim, quando nossa mente fica a sós com a música, aí sim estamos ouvindo. E quando isto acontece durante nosso culto de adoração a Deus, passamos do estado de ouvinte para o de participante. Deixamos de cantar para começar a louvar.
Gostaria que você refletisse, por enquanto, na sua forma de ouvir música, e tomasse cuidado para que seu foco seja a música, não os ruídos. Desta forma, sua sensibilidade musical também será apurada, sua percepção e busca por música que lhe agrade também.
Que Deus nos abençoe.
Réges Marth
1° de 4 artigos para a IASD da Barra da Tijuca