quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Alvo - Por Veronica Bareicha

Cresci ouvindo um programa de rádio que a minha mãe adorava. Era um programa de variedades, debates, utilidade pública, humor, música... Ao final de cada edição, o locutor se despedia mais ou menos assim: “Então caros ouvintes, lembrem-se sempre; ‘esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação...’” Ouvi esta despedida, muitas e muitas vezes. Como criança, ficava me perguntando o que seria avançar para o alvo, para o prêmio da soberana vocação. Tudo aquilo me soava misterioso e estranho.

A verdade é, proponha um alvo em seu coração. Tenha um objetivo de vida, e caminhe atrás dele. Lute mesmo, percorra todos os caminhos possíveis até encontrar o que procura. E se esqueça do que vai acontecer em seguida. Como? Em seguida? O texto não diz das coisas que ficam para trás? O texto foi escrito por São Paulo, e estou querendo fazer uma nova leitura, cheia de licenças poéticas? Não. Explico. Se esqueça do que vai acontecer em seguida e deixe para trás, porque na hora em que você se puser no caminho, muita pedra, muita rocha, muito tudo, vai rolar, desabar mesmo e tentar atingir você. Duvida? Eu não.

Sabe qual é a grande graça da vida? Enquanto você não tem um alvo, enquanto se aquieta em sua própria inércia; existem muitas pessoas queridas ao seu redor. Todos lhe aplaudem. Todos lhe dizem incansavelmente do seu valor, talento e do quanto é especial. Dizem até o que você deve ser, fazer, sair e acontecer. Mas na hora em que se propõe a seguir um alvo, seja qual for, qualquer um... É que se pode perceber, quem é quem. E decepções virão...

Não quero de forma alguma soar triste no que escrevo. Não. O que quero dizer é que quem se propôs chegar a algum lugar, não pode desistir no meio do caminho. Não há retorno para quem pôs os pés na estrada, não há como se fechar as asas no meio do voo... Não porque não se possa simplesmente dar meia-volta e pronto... Não. Quando se parte em busca de um alvo, o mínimo que se espera é se chegar. A jornada feita até então, seja ela do tamanho que for, foi feita com sacrifício, sonhos e lágrimas... E ai é simples assim, não dá pra retornar... Se houver retorno, perdemos uma parte de nós mesmos... Dá pra entender?

O que se passa? Falta de dinheiro? Dor? Solidão? Rejeição? Falta de sorrisos e tapinhas nas costas? Não importa... Prossiga. Você tem um sonho? Um alvo? Você pode até parar no meio do caminho, dar um tempo, mas, por favor, não retroceda jamais!... E assim que possível; avance!
Confesso que não sei o tamanho da sua luta. Neste mundo tresloucado em que vivemos, perguntamos se o outro está bem, sem na verdade querermos saber a resposta... Tirando a minha parte, a minha falta como pessoa, o que eu sei é que você deve seguir, deixar atrás e prosseguir para o alvo, para o prêmio. Não desistir! Sabe aquela história do show tem que continuar? Pois é... Continue. E lembre, se as pedras estão vindo é porque você está no rumo certo.

Me despeço agora como aquele locutor de minha infância, usando apenas um linguagem nova: “...não sou ainda tudo o que eu deveria ser, porém estou concentrando todas as minhas energias para insistir nesta única coisa; esquecendo o que passou e aguardando esperançoso aquilo que está a frente, esforço-me para chegar ao fim da corrida e receber o prêmio...” (Filipenses 3: 13 e 14 Bíblia Viva.)